Projeto das Irmãs de S. José de Cluny em Moçambique
INTRODUÇÃO
Moçambique é um grande País, jovem na sua população e rica nos seus abundantes recursos. País acolhedor, beneficia de muitas parcerias e investimentos; por conseguinte gradualmente vão-se registando progressos em todas as áreas sobretudo na melhoria da vida das crianças.
A capital, Maputo, é uma das mais lindas cidades da África Lusófona e o nível de vida da população revela uma certa redução na taxa de pobreza embora o desnível social também seja uma realidade. A existência, no Maputo, de Centros de refeição para os pobres, é um comprovativo de que a pobreza é um desafio que nos apela a criatividade, tendo em vista soluções a longo prazo.
Segundo a UNICEF, “o recurso mais precioso de Moçambique são as suas crianças. O seu bem estar e prosperidade são inseparáveis daquele do País… foram feitos grandes progressos ao serviço das crianças, mas há ainda muito trabalho a fazer para proteger os seus direitos e assegurar o seu presente e futuro”.
Inseridas nesta realidade de pobreza, nós, Irmãs de S. José de Cluny presentes no Maputo, fazendo parte das Congregações que oferecem uma refeição diária aos pobres de rua, crianças, jovens e adultos, queremos ir mais além da refeição diária oferecida, para que dentro de quatro, cinco anos, esta refeição seja feita em casa e não no Centro.
Conscientes de que a educação é chave do Progresso/Desenvolvimento, sem abandonar o pobre que tem fome hoje, pensamos projetar o pobre mais novo num futuro mais feliz, através da educação e da Formação Profissional.
Para isso, adquirimos por compra um terreno de 14000 m2 no Bairro Laulane – Maputo, para a construção duma Escola Primária cujo Projeto apresentamos.
PROJETO
Denominação do Projeto
Construção de uma escola Primária em Laulane – Maputo
Descrição e Fundamentação do Projeto
A falta de escolas em Moçambique, concretamente no Maputo, é um grande desafio que exige de nós um contributo para uma resposta a longo prazo.
Propomo-nos dar uma resposta de qualidade tanto a nível de construção, como a nível de ensino para as crianças, jovens e adultos que frequentarão a nossa escola. De notar que na nossa Instituição escolar não haverá nenhum tipo de discriminação: raça, sexo, etnia, nível social ou religião.
A qualidade de construção nos é garantida pelo nosso empreiteiro Português Senhor Engenheiro Leandro Faria, da Construtora EDIMADE Moçambique.
A construção por uma empresa fica mais cara; mas optamos por isso, por nos sentirmos incapacitadas para orientar com segurança uma obra deste género.
A nível do ensino propriamente dito, temos Irmãs formadas e em formação para assegurar a qualidade de ensino na nossa futura Escola.
O Desenvolvimento é fruto da escola e é nosso sonho fazer parte de quem trabalha pelo desenvolvimento no mundo e no nosso caso em Moçambique, nosso espaço atual de missão.
A Agência de Informação de Moçambique, a 31 de janeiro deste ano 2024, publicou um artigo em que o Senhor Manuel Simbine, Porta Voz do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, dizia:
“Um dos passos para combater o analfabetismo é garantir o acesso universal à educação básica de qualidade. Isso envolve a implementação de políticas e programas que assegurem que todas as crianças tenham oportunidade de frequentar a escola. Tirar as crianças de debaixo das árvores, é um desafio que temos no setor. Mais de 7000 crianças estudam ao relento ou sentadas no chão. Estamos a trabalhar e as comunidades também se envolvem com a construção de salas com material de construção local para permitir que estas crianças, não tendo uma sala convencional, tenham uma sombra. A colocação de carteiras é outro elemento extremamente importante para permitir que, se a criança não tem uma sala convencional, pelo menos naquela sala de material local não se sente no chão, tenha uma carteira.”
Finalidade do Projeto
Criar um espaço escolar digno para as crianças e jovens que estudam em condições precárias.
Objetivo Geral do Projeto
Promover educação das crianças, jovens e adultos, contribuindo para o desenvolvimento do Bairro Laulane e de Maputo a longo prazo.
*Jovens e adultos serão admitidos para as aulas de alfabetização e posteriormente irão para as escolas Profissionais.
Segundo os dados estatísticos, o analfabetismo atinge 49,4% entre as mulheres e 27,2% entre os homens. Reconhecemos que a alfabetização é um bom meio de ascender à autossuficiência financeira.
O nosso pedido para este Projeto: o que for possível a cada um, na certeza de que por mínimo que seja, em nome dos futuros beneficiários, será acolhido de mãos abertas e coração muito agradecido.
Défice de salas de aula na província de Maputo

O sector da educação na Província de Maputo necessita de trezentas e cinquenta e uma salas de aula para tirar os mais de cinquenta mil alunos que estudam ao relento.
Neste momento, o sector conta com oitocentas e setenta e uma salas de aula que funcionam ao ar livre.
A Diretora da Educação na província de Maputo referiu que a situação deve-se também ao crescimento demográfico nesta região do país, que aumenta a procura pelos serviços nesta área.
Carménia Canda, que falava na Matola na audiência do Governo da Província com deputados da Assembleia da República, anunciou que até ao momento foram construídas 21 novas salas de aulas das cerca de 350 necessárias.
Para além de salas de aula, o sector tem um défice de mais de 17 mil carteiras escolares. (RM) – Rádio Moçambique

A Direção provincial de Educação diz estar a preparar projeto para eliminar turmas ao ar livre em Maputo
Dos oito distritos da província de Maputo, Matola e Marracuene é que possuem maior número de turmas com alunos a estudarem ao ar livre e sentados no chão, sendo Matola com 699 turmas e Marracuene com 141 de um total de 1152 turmas que não têm salas convencionais, recorrendo às árvores.
A Escola Primária Completa Joaquim Chissano, no distrito de Marracuene, conta, para o presente ano letivo, com 2682 alunos da primeira à sétima classes, correspondentes a um total de 48 turmas e, desse universo, há 17 turmas que usam as sombras das árvores como salas de aula e com os alunos sentados no chão.
Flora Sitoe pretende formar-se em medicina quando concluir o nível médio, mas não disfarça a sua tristeza de receber aulas ao relento e sentada no chão e pede melhoria das condições para todos os alunos do país que estão na mesma situação. “Estamos a sofrer aqui, debaixo das árvores, e, quando chove, não estudamos, ficamos em casa.”
Quando questionada sobre a situação da escola e o que gostava que fosse feito, respondeu nos seguintes termos: “Gostava que fossem construídas salas para todos nós, para podermos estudar e sermos como outras pessoas. Estamos cansados de sentar debaixo das árvores”, expressou-se a aluna de doze anos de idade que frequenta a sexta classe.
Alunos da primeira classe: 5 / 6 anos

Três salas de aula juntas para aproveitar a sombra

Conclusão
As imagens acima mostram quão necessária é a construção de salas de aula neste País em crescimento.
As Imãs de S. José de Cluny em Moçambique através da Província Portuguesa da mesma Congregação, vem apresentar este Projeto de Construção de uma escola e aguardam com muita ânsia uma ajuda em verba, da parte de benfeitores generosos, para a sua materialização.
A escola, sendo um espaço ideal de evangelização e de dignificação da pessoa humana, desde as suas origens a Congregação, inclusive em Moçambique, se dedicou a:
- Educação formal e informal – creches, escolas infantis, escolas primárias e secundárias, colégios, cursos de alfabetização, Centros de Ocupação de Tempos Livres, escolas de costura e bordados, culinária e pastelaria, higiene e puericultura,
- Acolhimento em lares, de meninas de aldeias distantes das escolas, para estudar
- Formação Profissional – escolas de formação de Professores, de Educadores de Infância, de Técnicos superiores de enfermagem,
- Cursos pós-laborais para jovens e adultos
Assim, a contribuição da Congregação neste sector “educação” tem como objetivo ajudar a pessoa a ser o ator do seu próprio desenvolvimento e do progresso do seu meio ambiente..
No Capítulo Geral do ano 2000, a Superiora Geral, Madre Marie Noël Lefrançois, no seu Relatório e na Introdução do tema sobre a Educação, dizia:
“Se o teu projeto é para 10 anos, planta uma árvore
Se o fazes para 20 anos, constrói uma casa
Se é por 100 anos que o fazes, educa uma pessoa”
E a Madre Marie Noël continua:
Para nós Congregação, “ensinar é primeiramente uma vocação, antes de ser uma Profissão. As nossas Instituições de Educação devem ser agentes de uma mudança social que promove a justiça, a igualdade, a fraternidade e salvaguarda da dignidade da pessoa.”
São estes princípios gerais da Congregação que traduzem um dos aspectos mais importantes do nosso Carisma e que queremos implementar em Moçambique.
Nossa antecipada gratidão pela atenção que vai merecer este Pedido.
Com os melhores cumprimentos.
Maputo, 20 de março de 2024
Ir Verónica Tyimuma,sjc