SOCORRER, ACOLHER, EDUCAR

Socorrer, acolher, educar, assumir todas as franjas sociais com qualidade.

Nascida em Trás-os-Montes, foi para Angola aos 15 anos; consagrou-se na Congregação de São José de Cluny, já lá vão 60 anos, tanto quantos a sua ligação ao ensino, e está como Diretora Geral do Colégio Rainha Santa Isabel, de Coimbra, há 33 anos, 21 dos quais como Diretora Pedagógica. Formada em História, adquiriu múltiplas competências académicas e profissionais na pedagogia, gestão escolar e teologia. É a Irmã Maria da Glória, que nos fala da sua Congregação – carisma e ação – e dos segredos do sucesso do Colégio que dirige.

CORREIO DE COIMBRA

Irmã Maria da Glória, gostaria de situar a nossa conversa sob três planos principais: o carisma da Congregação de São José de Cluny, lido à luz do Ano de São José, que creio ser o santo patrono das Irmãs, e, naturalmente, à luz de Ana Maria Javouhey, a fundadora; as vocações de consagração, no contexto do Dia Mundial de Oração pelas Vocações que celebrámos no último domingo; e, naturalmente, a ação das Irmãs em Coimbra, nomeadamente através do Colégio Rainha Santa Isabel. Comecemos pela Congregação. Como surge? Com que missão?

MARIA DA GLÓRIA

A Congregação foi fundada pela bem-aventurada Ana Maria Javouhey, nascida em 1779, 10 anos antes da revolução francesa. Ainda criança, no início da Revolução, dá-se conta de que as crianças da sua terra ficaram sem qualquer apoio a nível de ensino e catequese. Viva como era, começa a reuni-las para as ensinar a ler, escrever e contar; torna-se também a catequista do lugar. Presta já, assim, um serviço enorme à comunidade. Aos 19 anos, na presença da família, consagra-se a Deus numa cerimónia íntima. A partir desta data, alarga o seu apostolado animando as famílias na vivência da fé. Em tempos de Revolução os sacerdotes são perseguidos. Cheia da coragem e entusiasmo pelos Arautos de Deus, acolhe e propicia aos sacerdotes a sua Missão de reavivar a Fé. Com risco da própria vida acompanha-os, durante a noite, à cabeceira dos doentes e dos moribundos. É um início de vida cheio de audácia, marcado por forte dinamismo, certamente muito acolhido por Deus, que a vai sempre gratificando interiormente. Em 1806, numa certa abertura de Napoleão à Igreja, os Estatutos iniciais da nossa Congregação foram assinados pelo próprio Napoleão! E a 12 de maio de 1807 realiza-se o sonho de Ana Maria com a fundação da Congregação das Irmãs de São José. Portanto, diria que somos uma Congregação que teve logo desde o princípio este amparo da Igreja e do Estado.

E em que medida é que a Congregação é informada pela espiritualidade São José?

Consta que a Ana Maria terá tido uma visão de crianças de todo o mundo a estender-lhe as mãos e de Santa Teresa a dizer-lhe “Eu serei uma das protetoras da tua Congregação”. Devido ao facto de Santa Teresa ter colocado São José como Padroeiro das comunidades carmelitas que foi fundando, levou a nossa Fundadora a escolhê-lo também como Padroeiro da nossa Congregação. E assim se entregou a São José o cuidado da Congregação. Posteriormente acrescentou-se de Cluny, por ser nesta cidade, que, na altura, era a sede da Casa Mãe da Congregação, assim como o principal noviciado.

O que aprendeu Ana Maria Javouhey com São José? Aprendeu com São José a dar a Deus uma resposta imediata! – “Deus falou, será obedecido”, dizia ela com todo o vigor! Fosse para o que fosse, sem medo, revestida de uma força que era impensável sem ser divina! Sem medo, Ana Maria Javouhey vai abraçando todas as iniciativas de serviço aos outros. Pouco depois de ter fundado a Congregação, em Chalon-sur-Saône, vai para Paris, o centro da governação. Era uma jovem religiosa aldeã, sem conhecer lá ninguém, mas sem medo! É deste centro urbano que toda a difusão e toda a obra da Congregação se expande. Aqui se constata a grande confiança em Deus, no seguimento de São José! Portanto, de São José recebemos a prontidão na resposta ao apelo de Deus, o trabalho humilde e silencioso, o fazer o Bem sem olhar a quem!. Ana Maria queria estar em toda a parte onde houvesse sofrimento e dor, bem a fazer. Para ela era fundamental acolher e servir positivamente todos os órfãos e pobres que ninguém queria. Ela dava e dava-se sem medida para os ajudar a sentirem-se amados por Deus e reconhecidos pela sociedade.

Sei que a Congregação se expandiu rapidamente… 

Verdade. Em Paris, Ana Maria inicia um método pedagógico que a torna rapidamente muito conhecida e solicitada pelas au- toridades da Igreja, públicas e so- ciais para que a Congregação se expanda pelo mundo: primeiro, para a ilha Francesa da Reunião;

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Notícia: CORREIO DE COIMBRA Edição 4832 de 29 abril 2021